segunda-feira, 6 de abril de 2009










Primeira coluna no Jornal da Capital

Inicio esta coluna no Jornal da Capital num momento especial. Se fizer as contas acho que fiquei quase tanto tempo da minha vida em outros paralelos como aqui no 30... Vamos ver: 1 no Canadá, 6 na Alemanha, 2 em Miami, ponte-aérea com São Paulo: +- 8. Total: 1+6+2+8 = 17. 46 - 17 = 29. Não, ainda sou muito mais porto-alegrense que a soma dos outros locais. ( Porto-alegrense com a reforma ortográfica segue com hífen ? Consulto a gramática on-line e vejo que sim, pois aplica-se a regra de unidade sintagmática e semântica.) Mas viver fora tanto tempo faz com que a gente olhe para nossa cidade de uma forma diferente. Não sou aquela porto-alegrense típica, apaixonada pela cidade sem um olhar crítico. Pelo contrário, pois foi por pouco que não me estabeleci por outras bandas. Mas agora a decisão é definitiva (será que existe isto ?): fico por aqui. Quero achar formas para melhorar Porto Alegre. Não se preocupem, não sou daquelas que voltam de fora achando tudo ruim. Seria até hipocrisia, pois como diz o Benjamin Disraeli: "Nunca se queixe, nunca se explique, nunca se desculpe. Aja ou saia. Faça ou vá embora". Decidi ficar e fazer. Inicio humildemente escrevendo esta coluna que já está provocando em mim uma forma diferente de interagir com a nossa Porto Alegre - que hoje, juntamente com meu marido, completa 237 anos. Opa, o maridão tá fazendo apenas 48. Acredito em sinais, sempre acreditei.

Coluna para “macho”

Me disseram que esta coluna era para "macho" e imediatamente me senti enquadrada. Hoje mesmo um amigo me agradecia pois reencontrei-o após muitos anos e sugeri regime e exercício imediato. Não pela estética, mas porque queria continuar sendo amiga dele por muitos anos. Na hora ele reclamou, que eu seguia sendo dura... Hoje me mandou um mail agradecendo. Por dias ficou pensando nas minhas palavras e agora iniciou caminhadas, fechou um pouco a boca (eram minhas duas recomendações) e acabou de baixar da barreira dos 100k. Mandou email agradecendo. Valeu a pena ser "macho". Calma mulheres! Tudo isto para dizer que este conceito de que só macho é duro, só macho sabe dizer não, só macho diz as verdades na cara está completamente ultrapassado. Chegamos numa fase da civilização na qual as mulheres conquistaram seu espaço, todos sabemos. Me vêm aqui as palavras do Che Guevara: "Hay que endurecer pero sin perder la ternura jamás". Cruzes! Na primeira coluna ? Vão me taxar de comunista! Azar de quem fizer isto, pois acredito na diversidade acima de tudo. Acredito na verdadeira democracia na qual se ouve todos os lados e se aproveita as coisas boas de cada um deles.

GUERRA DE OPOSTOS - FIM DA PICADA

Acredito que o maior problema da nossa capital e do nosso estado é esta boba divisão entre grêmio e inter, esquerda e direita, pobres e ricos, situação e oposição, machos e fêmeas. E aceitei o desafio de escrever esta coluna exatamente para tentarmos juntos, todos juntos, discutir esta relação dos porto-alegrenses com Porto Alegre. Ninguém é melhor do que ninguém. E a prosperidade de Porto Alegre depende de todos nós. Se seguirmos excluindo aqueles que são de grupos opostos, seguiremos sem evoluir. A evolução vem com a diversidade, com a troca de idéias, com o trabalho-conjunto.
Fazem 237 anos que Porto Alegre iniciou com os casais açorianos - todos sabem onde exatamente fica a Região Autônoma dos Açores ? Vale a pena dar uma conferida:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Porto_Alegre. Depois vieram os alemães, italianos, árabes e poloneses. Iniciamos com diversidade. Perdemos um pouco desta consciência e acabamos nos tornando os gaúchos duros e rígidos. Devemos seguir na persistência, na seriedade, na disciplina. Mas temos que retomar um pouco de ternura, de flexibilidade, de compreensão de um mundo que se tornou global e no qual só temos uma forma de sermos competitivos: vivendo-o. Não adianta mais nos fecharmos, pois se não convivermos com o resto do mundo, não vamos evoluir. Vamos aprender novos idiomas, vamos viajar, vamos analisar experiências maravilhosas de investimento em educação feitas na Ásia e fazer o mesmo por aqui. É tempo de pensar no longo no prazo. É tempo de pararmos com esta política descontinuada sempre visando o curto prazo. É tempo de união de todos porto-alegrenses de verdade.

COPA GERDAU – BAITA IDÉIA
Aliás, a Copa Gerdau que aconteceu no Leopoldina Juvenil é um exemplo de tudo isto. Gente de todas as partes do mundo: Argentina, Chile, Ecuador, Uruguai, Bolívia, Paraguai, Perú, México, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França, Bélgica, Japão, Eslováquia, etc, etc, etc. As brasileiras foram somente até a terceira rodada. A gente torce muito, mas ainda são poucos os brasileiros que resistem. No masculino tivemos dois representantes nas quartas-de-final: Guilherme Clezar e Zé Pereira. Clezar é gaúcho e caiu diante de um eslovaco. Zé Pereira, pernambucano, foi bi-campeão derrotando um americano na final. Este torneio está na 26ᵃ edição e é um dos mais bem conceituados do mundo. Parabéns ao organizador Ênio Moreira, que acreditou desde o início que temos condições e qualidade internacional. Mesmo quem não gosta de tênis se sentiu “viajando” no clube ao ouvir tantos idiomas, tantos estilos, tantas culturas convivendo por 10 dias no nosso clube gaúcho, porto-alegrense, ali na Marquês do Herval.

TÊNIS NO TERCEIRO SETOR ? BAITA IDÉIA
Temos também alguns projetos interessantes acontecendo aqui: www.wimbelemdon.com.br e http://www.fundacaotenis.org.br/ . Dois belíssimos exemplos de iniciativas do terceiro setor associados ao esporte.
Sim. Somos capazes de ser competitivos globalmente e esta é nossa única saída. Abrirmos os olhos para o mundo real e globalizado. Acreditarmos no nosso potencial. Educarmos nossas crianças para começarmos a construir uma Porto Alegre ainda melhor. Falando em educação, não deixem de assitir a seguinte palestra do Luli Radfahrer:
http://meiobit.pop.com.br/meio-bit/miscelaneas/descolagem-3-o-file

A diversidade é decisiva para humanidade. Negros, brancos, amarelos, índios, asiáticos, católicos, muçulmanos, judeus, evangélicos, homens e mulheres! Precisamos conseguir com ternura gerenciar esta diversidade. De nada adiante o poder sem ternura. De nada adianta a riqueza se vemos a miséria nas ruas todos os dias.
ACERTANDO O FORMATO...
Inicio assim, apesar de não ter acertado o formato de cara, mas quero fazer uma coluna mais participativa. Quero que encontrem aqui um espaço para comentar qualquer “baita idéia” e “fim da picada” que tenham / vejam / descubram. Quem sabe, juntos, consigamos aos poucos inspirar mais e mais porto-alegrenses e corrigir rumos errados de outros ? Aguardo as participações no email loniseg@gmail.com .
Lô (nise)

6 comentários:

  1. Oi Lô(nise),

    Tá muito 10. Baita Idéia e fim da Picada estão ótimos. E não digo isto apenas para motivar. Estão mesmo.
    Tens aqui um parceiro que também acredita que o desenvolvimento local depende da diversidade.

    Abraços,

    Silvio Belbute

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  2. De coração aberto me incluo no rol dos que, juntos, conseguiremos aos poucos inspirar mais e mais porto-alegrenses ... Valeu a leitura (e o aprendizado). Bjs Lonise, não páre ... Rosalva

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  3. Oi Lô,

    Adorei a Coluna!
    A diversidade, além de democrática, é o caminho para o aprimoramento.
    Beijão e Parabéns!
    Eliane

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  4. Oi! Parabéns! Vou me tornar uma leitora fiel. Bjs

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. porto-alegrense deve seguir com hífen, mesmo com a reforma

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