terça-feira, 28 de julho de 2009

O inverno na Capital



FIM DA PICADA – O inverno na capital

Não adianta fazer de conta que a gente não vê, pois hoje pela manhã quase tropecei numa pessoa dormindo na rua. Na real, achei que era mais um amontoado de lixo junto aos que estavam por ali... E descobri que era uma pessoa, uma cama, um quarto, uma casa... Andei mais 30 metros e achei mais dois dormindo...

Voltei para casa, peguei a máquina e fotografei... Estou revendo as fotos até agora... Não é a África, não é uma vila, é na Tobias da Silva, logo depois do Shopping Moinhos de Vento, esquina com a Dr. Timóteo...

Minha motivação para aceitar o desafio de escrever esta coluna foi este menino que minha amiga alemã fotografou em dezembro do ano passado quando me visitava. Na Rua Ramiro Barcelos. E ela e sua família me perguntavam como conseguíamos viver assim, com a miséria ao lado... E eu não sabia responder e falei o que na verdade todos fazemos, mas não temos coragem de assumir: “a gente se acostuma”. Que na verdade significa: “a gente faz que não vê”. Lembro que quando era pequena sempre achava que uma das razões para o sul ser “mais desenvolvido” que o norte do país era o frio... Eu acreditava que era impossível se sobreviver ao inverno daqui sem ter uma cama, um quarto, uma morada. Depois fui morar no velho mundo e achava que tinha comprovado minha tese, visto que lá se tem menos miséria e mais frio. Hoje fotografei a prova contrária a esta tese. Mas na minha cabeça fica a pergunta: será que estes desabrigados todos já estavam aqui naquela época e eu não via ? Ou nossa qualidade de vida piorou ?

O Rudolph Giuliani, ex-prefeito de Nova York, ao afirmar que os moradores de rua não têm direito de ficar na rua, criou uma polêmica: isso não vai contra o direito de ir e vir ? Como defensor/criador do “Tolerância Zero” ele afirma que uma cidade precisa ser organizada e limpa, caso contrário o resultado é o crime: “Existem inúmeros abrigos em New York e se a pessoa vive na rua, algo está errado: ou é alcoólatra, ou drogada, ou tem problemas mentais. Nas ruas, pessoas frágeis tornam-se mais isoladas, amedontradas e suscetíveis. Um cidadão pode fazer o que quiser, desde que não machuque nem agrida outro cidadão. Viver na rua não só machuca a própria pessoa como agride a toda sociedade. Não é certo. CABE AOS GOVERNOS RESGATÁ-LA, TRATÁ-LA e ABRIGÁ-LA”.

E não consigo parar de pensar nisto... Onde estão nossos políticos ? Os governos são administrados pelos políticos, ou seriam os políticos administrados pelo governo ? Ou é tudo a mesma coisa ? Tive uma visão bárbara: todo dinheiro roubado pelos políticos transformado em abrigos com educação e recolocação em empregos de todos estes desabrigados. Na verdade, não são os desabrigados que me agridem, mas os responsáveis por ampará-los... Ganham muuuuuito dinheiro, acumulam fortunas, viajam, levam namoradas para viajar, e não fazem a sua tarefa, que é cuidar do povo.

Para completar o meu dia vi mais desabrigados na Av. Ipiranga... E lixo, muito lixo... Embaixo de uma ponte existe até um varal... E é muito agressivo ver aqueles corredores de colchões... Será que só eu estou vendo ? Será que só agride a mim ? Onde está o governo que não os resgatam, tratam e abrigam ?



BAITA IDÉIA – Priscilla’s

Formamos um pequeno grupo que ser reúne mensalmente para falar inglês. Despretensiosamente, 3 mulheres, com um único objetivo: praticar o idioma e trocar idéias. Temos o propósito de fixar um tema para os encontros, a fim de que não nos falte assunto. Até agora não conseguimos esgotar os assuntos atrasados e tenho a forte convicção de que nunca esgotaremos... De qualquer maneira, no último encontro tivemos uma agradável surpresa: o Bernard Hoffmann que parece um nova yorkino, mas vem lá de Santana do Livramento... Morou muitos anos no Village e trouxe o conceito da padaria americana para a nossa capital. Se você não conhece os muffins, brownies, cookies e pies, espie no www.priscillas.com.br. O site mostra as fotos e o endereço. Mas o melhor foi o papo extremamente otimista com o Bernard, 26 anos. Defende a idéia de que finalmente chegou a hora do Brasil, que por isto investiu aqui, que o Brasil agora vai decolar... Cheguei a comentar que ouço isto desde que tinha a idade dele, mas de alguma forma aquele discurso otimista e positivo dele me inflamou... Claro que os desabrigados seguem nas ruas, mas quem sabe conseguimos mesmo uma geração desta retornando ao Brasil e empreendendo mais, cada vez mais... Thank you Bernard, you gave me hope again! E o engraçado é que ele definiu esta crença positiva mais ou menos da minha maneira: “you sense this things...”



FIM DA PICADA / BAITA IDÉIA

Transcrevo aqui o email recebido da associação dos moradores da cidade baixa:

Assunto: PELO VETO CONTRA A LEI DO BRASINHA/ CIDADE BAIXA E PORTO ALEGRE

Caros amigos,

Estamos iniciando um abaixo-assinado eletrônico, bem como, "um tradicional" para tentarmos o VETO do Prefeito Fogaça contra o projeto do Vereador Brasinha que amplia o horário de mesas e cadeiras nas calçadas das ruas de Porto Alegre.
A Exposição de motivos está no link abaixo.
Peço que divulguem pois o tempo é mínimo para uma repercussão política, tendo como base a pressão comunitária.
Mesmo que atualmente a evidência seja a Cidade Baixa, este é um problema que irá se proliferar por toda Capital.
O Projeto foi rejeitado na primeira votação em 2009, uma dia antes da partida da Kiria Zanol mas a ob$sesiva vontade do Vereador, após requerimento de RENOVAÇÃO DE VOTAÇÃO, foi aprovado, numa sessão na qual as Associações, ONGs e moradores não foram avisadas.
Grande abraço a todos.

MARCO ANTONIO/ASSOCIAÇÃO MORADORES DA CIDADE BAIXA.

http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/4368

Um comentário:

  1. Olá, Lonise.
    Tudo bem.
    Sou de Porto Alegre e resido no bairro Passo D'Areia.
    Li tua coluna e, como tu me preocupo com a vergonhosa situação em que se encontram os moradores de rua e também com a sujeira de nossa cidade.
    Estou cursando Pedagogia e recentemente criei um blog, tarefa de uma das disciplinas, referente minha comunidade.
    Uma coisa que me chama a atenção a muito tempo é o descaso das pessoas em relação ao lixo acumulado e ao acréscimo de moradores de rua que circulam por aqui e como dissestes" fazemos de conta de não vemos". Chocante esta realidade!
    Cabe apenas aos governantes fazer algo para mudar este quadro lastimável ou nós enquanto cidadãos podemos fazer alguma coisa?
    Fica aqui um apelo para que todos façamos a nossa parte, antes que seja tarde demais!
    Um abraço,
    Elleoni

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